A opinião de muitos médicos pediatras, odontopediatras e otorrinolaringologistas, é a de que as lavagens nasais com seringa não são comprovadamente seguras.
Sabemos que a lavagem com soro fisiológico (0,9% de salinidade), nos bebés/crianças com infeções do trato respiratório superior, com sinusite ou rinite e com otites, associado ou não à necessária medicalização; irá contribuir para uma mais rápida recuperação dos sintomas e destes episódios de doença no bebé/ criança.
Mas os estudos mais recentes nesta matéria carecem ainda de maior robutez ciêntifica e são, ainda escassos. A lavagem nasal é benéfica sim mas será que sabemos qual a pressão a que devemos enviar o soro para a nasofaringe quando empurramos, por vezes nervosamente, um êmbolo de uma seringa? Não será que cada pessoa, de acordo com a sua força, grau de confiança na técnica, colaboração do bebé/ criança; irá enviar um jato de soro com pressão diferente?
O que sabemos é que a nasofaringe e recesso faríngeo estão intimamente ligadas á chamada Tuba Auditiva ou trompa de Eustáquio, e também sabemos que no adulto a trompa de Eustáquio é mais longa e tem uma orientação oblíqua/ vertical, ao contrário da criança em que a trompa de Eustáquio é mais curta e tem uma orientação horizontal: esta orientação irá favorecer a passagem mais direta do jato de soro (com secreção) para o ouvido médio.
A lavagem deve ser feita, isso não há dúvida. Por forma a controlarmos melhor a pressão que fazemos no envio do jato de soro, considero mais segura (pelo menos até que surjam mais estudos cientificamente robustos e tecnicamente consistentes) a utilização das ampolas de soro fisiológico (já que, totalmente espremidas, não permitem a mesma velocidade e pressão que a seringa permite).
A posição em que o nosso bebé/ criança deve estar, ao serem realizadas as lavagens, será a posição de semi sentado ou mesmo sentado, diminuindo também assim o risco de deslocação da secreção para o ouvido médio.
Lavagens nasais sim, utilização de seringas para as lavagens…desaconselho até que surja mais ciência sobre esta matéria.
Referências bibliográficas:
- Torreta, S. et al., supervised Nasal Saline Irrigations in Otitis-Prone Children, Frontiers in Pediatrics, Maio 2019, doi: 10.3389/fped.2019.00218
- Acess Medicine: Current Medical Diagnosis and Treatment: Chapter 8. Ear, Nose, and Throat Disorders. “Acute Otitis Media”
- Gunasekera H et al. Management of children with otitis media: a summary of evidence from recent systematic reviews. J Pediatric Child Health. 2009 Oct; 45 (10): 554-62.
- JAOA Vol 106 No 06 June 2006. “Osteopathic Evaluation and Manipulative Treatment in Reducing the Morbidity of Otitis Media: A pilot study.” Degenhardt, Kuchera pgs 327-334
- Red Book: 2009 Report of the Committee on Infectious Disease. American Academy of Pediatrics “Otitis Media” page 741.